terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Planejamento Detalhado

O planejamento detalhado ficou um pouco mais fácil depois que utilizei como base o elaborado pelo motociclista que já mencionei. É claro que fiz alguns ajustes, considerando o fato de que eu vou sair de Curitiba.

Tomei a decisão de sair de Curitiba por um motivo simples: eu só teria 25 dias pra curtir toda a viagem. Além do mais, entre São Luis e Curitiba eu só iria me cansar, sem muita coisa interessante pra se ver (considerando o objetivo principal da viagem). Comprei, então, passagem aérea ida e volta para Curitiba e contratei um transporte para levar minha moto.

Utilizei as seguintes premissas básicas:
a) Viagem sem garupa
b) Rodar em média 700 Km por dia
c) Nunca viajar sem a luz do sol
d) Parar em média a cada 150/200 km, por 15/20 minutos
e) Fazer dois pernoites a cada 4 dias de viagem
f) Não reservar hotel
g) Colocar pneus novos. Optei pelo Michellin Anekee 2. Dá pra ir e voltar sem problemas, com exceção, é claro, dos contratempos.
h) Troca de óleo e filtro na origem, colocando óleo 100% sintético. Assim, só preciso trocar uma vez em Ushuaia com a troca do filtro de óleo também.
i) Preocupar-se com combustível somente entre Caleta Olivia e Puerto San Julian. São 345 km e entre as duas cidades nem sempre tem combustível. Levar uma reserva de 2 litros a partir de Caleta Olívia.
j) Tomar cuidado com a estrada entre Comodoro Rivadávia e Caleta Olívia, que fica bem rente ao mar, à beira do precipício e o vento é forte.

Abaixo, o link da planilha com o planejamento detalhado e sua estimativa de custos. Para o cálculo do combustível, estimei um preço de R$3,00/litro e que a moto faria uma média de 15 km/l. É claro que é só uma estimativa, uma vez que algumas variáveis podem mudar. Não estão considerados os custos de transporte de minha moto entre Curitiba-São Luis-Curitiba. A ida custou R$ 600,00. Espero gastar mais ou menos a mesma coisa na volta. A passagem aérea ida-volta custou R$700,00.



Projeto Ushuaia 2014 - planejamento detalhado



O planejamento

Para realizar o planejamento, fui na fonte principal para estas coisas: a internet.

Passei vários dias "escafrunchando" em busca de relatos e planejamentos. Naveguei bastante em vários sites e blogs especializados na matéria. Acabei encontrando um, cujo planejamento me pareceu bem feito. É um blog de um Harleyro que saiu de Brasília até Ushuaia. O seu roteiro me pareceu bem feito e detalhado e por isso resolvi copiá-lo. Segue o link (http://projetoushuaia2012deharley.blogspot.com.br/). Por ser a minha primeira grande viagem, copiar um aventureiro experiente cuja viagem foi bem sucedida me pareceu mais prudente, além de ficar mais fácil.

Antes do planejamento do roteiro da viagem, aproveitando o meu conhecimento em gerenciamento de projetos, elaborei a EAP - Estrutura Analítica do Projeto. Isso facilita sobremaneira a organização e providências que você terá que tomar para que não falte nada na viagem. É claro que as dicas de outros motociclistas experientes que já fizeram grandes viagens foi fundamental. O que fiz foi só estruturar os dados de modo a ficarem mais organizados. Na lista baixo, alguns itens talvez não sejam necessários, mas foram lembrados. O importante é que você só leve o que for essencial, uma vez que levar muita tralha pode ocupar espaço que você sempre vai precisar depois. Afinal, trazer uma lembrancinha ou outra é importante para marcar a viagem.

1. PLANO DO PROJETO
2. MOTOCICLETA
2.1 Bagagem
2.2.1 Baú traseiro
2.2.2 Baús laterais
2.2.3 Bolsa de tanque
2.2.4 Bolsa de viagem impermeável
2.2 Acessórios
2.2.1 GPS com suporte
2.2.2 Câmera GoPro c/ suporte
2.2.3 Tela protetora de farol
2.2.4 Tela protetor do filtro de óleo
2.2.5 Palheta para acelerador
2.2.6 Chave extra da moto
2.2.7 Chave extra dos baus
2.2.8 Air hawk
2.2.9 Spoiler de bolha Touratech
2.2.10 Tanque de combustível reserva 10L
2.2.11 Stick para amarração
2.3 Mecânica
2.3.1 Minibomba de ar
2.3.2 Adaptador de válvula pneu 90 graus
2.3.3 Kit remendo pneu sem câmara
2.3.4 Luz de pisca reserva
2.3.5 Fusíveis reserva
2.3.6 Filtro de óleo reserva
2.3.7  Vela reserva
2.3.8 Conjunto de ferramentas básicas
2.3.9 Silver tape
2.3.10 Fita isolante e alta fusão
2.3.11 Pedaços de arame
2.3.12 Cabo para chupeta bateria
2.3.13 Mangueira p/ transferência combustível
2.3.14 Spray lubrificante
2.3.15 Suporte Pé na Roda
2.3.16 Óleo lubrificante p/ reposição
2.4 Diversos
2.4.1 Documentação
2.4.2 Manual
2.4.3 Seguro da moto
2.4.4 Adesivos pra moto
2.4.5 Bandeira do Brasil, Argentina e Chile
3. PILOTO
3.1 Equipamentos de pilotagem
3.1.1 Bota impermeável
3.1.2 Polaina
3.1.3 Capacete
3.1.4 Jaqueta e calça impermeáveis
3.1.5 Balaclava
3.1.6 Segunda pele (calça, camisa, luva)
3.1.7 Luva
3.1.8 Protetor de pescoço
3.1.9 Capa de chuva
3.2 Roupas e acessórios
3.2.1 Calça
3.2.2 Camisa
3.2.3 Bermuda
3.2.4 Tenis
3.2.5 Meia
3.2.6 Cueca
3.2.7 Óculos de sol
3.2.8 Jaqueta para frio
3.2.9 Gorro
3.3 Higiene Pessoal
3.3.1 Escova de dente
3.3.2 Pasta de dente
3.3.3 Desodorante creme
3.3.4 Perfume
3.3.5 Creme barbear
3.3.6 Lâmina de barbear
3.3.7 Pente
3.3.8 Cortador de unha
3.3.9 Tesourinha
3.3.10 Hidratante
3.3.11 Sabonete
3.3.12 Shampoo
3.3.13 Fio dental
3.3.14 Papel higiênico
3.4 Farmácia
3.4.1 Protetor solar
3.4.2 Protetor labial
3.4.3 Hipoglos
3.4.4 Engov
3.4.5 Antiinflamatórios
3.4.6 Relaxante muscular
3.4.7 Antiácidos
3.4.8 Elixir paregórico
3.4.9 Dorflex
3.4.10 Esparadrapo
3.4.11 Gase
3.4.12 Colírio
3.4.13 Repelente
3.4.14 Dramin
3.4.15 Respire Bem adesivo
3.4.16 Descongestionante
3.5 Documentação
3.5.1 Identidade/CPF/Carteira de motorista
3.5.2 Permissão Internacional para dirigir - PID
3.5.3 Seguro Assistência Viagem
3.5.4 Seguro Carta Verde
3.5.5 Passaporte
3.5.6 Carteira de vacinação internacional
3.5.7 Lista de hotéis com telefone
3.5.8 Cambio dos paises
3.6 Diversos
3.6.1 Câmera fotográfica com carregador
3.6.2 Binóculo
3.6.3 Notebook/Ipad com carregador
3.6.4 Iphone com carregador
3.6.5 Adaptador para tomadas elétricas
3.6.6 Mapas rodoviarios (Brasil, Argentina, Chile)
3.6.7 Sacos plásticos











Como tudo começou

Para relatar como tudo começou, é preciso que voltemos um pouco no tempo. O ano era 1998, quando pilotei uma moto pela primeira vez. Diferentemente da grande maioria dos apaixonados pelas duas rodas motorizadas, que costuma começar ainda quando criança, eu já tinha lá os meus 32. Assim que montei na dita-cuja, parecia que eu já sabia o segredo há um bom tempo. Pilotei sem nenhuma dificuldade. Utilizei a técnica da observação. Daí para a prática, foi um pulo. Confesso que não foi amor à primeira vista, mas, enfim, já sabia andar de moto.

Na cidade em que eu morava, no interior do Maranhão, existia uma turma que nos finais de semana praticava o off road. No dia da partida para a aventura, um bando de motoqueiros indumentados com suas carapaças que mais pareciam astronautas lunáticos, desfilavam pela cidade para anunciar o passeio. Na volta, já no dia seguinte, lá vinham eles cheios de alegria e lama por todo o corpo numa felicidade que ninguém entendia, muito menos eu. Achei aquilo bonito. As vestimentas me lembravam super-heróis em suas motocas voadoras. Disse pra mim mesmo: quero fazer aquilo.

Fiz logo um consórcio de um XR200. Naquela época, era a moto do momento para estas aventuras. Tive a sorte de ser sorteado logo na primeira assembléia. Fui buscar a moto na concessionária e já no dia seguinte fazia a primeira trilha. Com dó de meter a magrela novinha no mato, fui tratando logo de tirar suas carenagens, retrovisores e tudo que pudesse livrar do estrago que, com certeza, era certo. Mas nem liguei muito pra isso. Eu queria mesmo era entrar no mato e me divertir. Aí sim, foi amor à primeira vista. Depois desse, vieram outros e outros e muitos outros passeios com a turma. A amizade que se cria, a interação que se faz, não tem preço. Chegava-se completamente quebrado (alguns literalmente), mas com a alma lavada e enxaguada, como diria o patético e "cachimblêmico" prefeito de Sucupira. Nessse tempo, um dos amigos que tinha uma Tenerè e era adepto das longas viagens, sempre me convidava, mas eu dizia que o bom mesmo era fazer trilha e o asfalto não me apetecia.

Em 2003, voltei pra capital e acabei dando uma parada nas trilhas, mas logo o "bichinho" começou a formigar e fui logo procurando pessoas que praticassem o off road. Acabei encontrando uma turma que também participava de enduros de regularidade. Foi outra paixão imediata. Pilotar uma moto por serras, buracos e dificuldades, seguir uma planilha e controlar o tempo através de um navegador foi um negócio que me deixou encantado. Participei de várias etapas do campeonato maranhense e sempre beliscava um pódium. O maior desafio, entretanto, foi o tal do Piocerá, Cerapió, o maior enduro de regularidade da América Latina, com aproximadamente 1.000 km em 4 dias de competição. No Piocerá (trajeto do Piauí para o Ceará), participei em dupla e ficamos em terceiro lugar, a um ponto do segundo colocado. Tudo bem que só tinham cinco competidores, mas para uma primeira vez foi muito bom. No Cerapió (trajeto inverso ao anterior), no primeiro dia, fiquei em quarto, num total de 45 competidores. Como era só areia, me dei bem, mas no segundo dia em diante aquelas serras intermináveis tiraram meu juizo. Não competi no último dia e mesmo assim fiquei em 18º. Uma aventura e tanto.

O tempo foi passando, a idade chegando, as juntas (as minhas, não as da moto, rsrsrs) sofriam com os impactos causados pelos solavancos e decidi parar. O asfalto já começava a me apetecer. Decidi que compraria uma moto pra viajar. Em 2011, comprei uma V-Strom 650 depois de algumas pesquisas sobre o meu perfil. A big trail era a moto ideal.

A ideia de viajar até Ushuaia veio depois que fiz a minha primeira viagem de moto entre São Luis-MA e Fortaleza-CE, no final de 2012. Quando retornei, coloquei na cabeça que faria uma grande viagem e Ushuaia foi o destino escolhido, depois que comecei a pesquisar sobre o assunto.

Fui logo contatando amigos para ver se alguém topava a parada. Entre várias promessas, percebi que não conseguiria um parceiro daqui de São Luis. Resolvi colocar a chamada em alguns sites de viagens e logo recebi respostas de motociclistas que também tinham o mesmo objetivo. Como a ideia já estava enraizado em minha cabeça, disse a mim mesmo que iria sozinho se não arrumasse companhia. Afinal, viajar sozinho não é de todo mal. Você viaja no seu ritmo, pára onde e quando quiser, além de ser um período ótimo para reflexões interiores. Por outro lado, uma boa companhia ajuda na hora das necessidades, além do bate-papo depois de um dia inteiro em cima da moto. Enfim, quando a companhia é boa, a viagem pode se tornar mais agradável.

Mesmo com alguns contatos da internet, ainda não tinha alguém confirmado. Já estava me preparando psicologicamente para ir sozinho, quando um motociclista de Joinvile-SC fez contato e confirmou que topava a parada. Trocamos alguns telefonemas e acertamos tudo.

Bem Vindos!

Olá, pessoal, 
este blog tem o objetivo de relatar a minha viagem de moto até o Fim do Mundo, que é como é conhecida a cidade de Ushuaia, na Argentina. Serão quase 12.000 km entre ida e volta, em aproximadamente 27 dias, pilotando uma V-Strom 650.
Ushuaia é uma das "mecas" dos motociclistas que se aventuram em longas viagens. É considerada a cidade mais austral do mundo, próxima ao Estreito de Magalhães, cujo nome vem de Fernão de Magalhães que, em 1520, foi um dos primeiros a se aventurar por aquelas bandas.
Espero que me acompanhem e curtam a viagem!